Análise de Grid Legends (PS5) — Compensa? Quão divertido consegue ser? — Review

Este título — Grid Legends — chega em uma altura em que a comunidade de jogos de simulação de automóveis anseia pela chegada de Gran Turismo. «Legends» é uma nova introdução na série «Grid» desenvolvida pela Codemasters — produtora da famosa série de F1 — e que tem apostado na diversificação da sua oferta no mercado ao adquirir direitos de produção de diversos jogos no mercado.

Grid Legends oferece, em teoria, uma experiência semelhante aquilo que é «Project Cars 3» da autoria da Slightly Mad Studios (que contou com uma coparceria com a Codemasters). Estes dois títulos pretendem criar toda uma imersividade e inclusão dentro da comunidade, não discriminando o jogador pela sua habilidade para lidar com o desporto motorizado de desempenho moderado, ou seja, oferece uma experiência menos rígida, mais arcade, mas terá conseguido?

Frisado foi que, por trás do desenvolvimento está a Codemasters, uma equipa com vasta experiência na recriação de jogos (ou semi-simuladores) do desporto motorizado — o mais emblemático, a série F1 — e já adquiriu os direitos da competição oficial de Rali para 2023, a série WRC. Independentemente de alguns críticos, a série F1 oferece em certa medida, uma experiência realista daquilo que se pode esperar de um F1 na realidade (com todas as naturais limitações de ser um jogo).

Ambientação — imersiva e ideal!

Grid Legends coloca-nos em diferentes pontos do globo para correr — o grande objetivo do jogo — e é visível a experiência da Codemasters em detalhar cenários. Ao contrário de outros jogos concorrentes, Grid Legends consegue criar toda uma imersividade no sentido em que, as ruas, a sonoridade, as alterações do circuito para diferentes provas e o público (sempre vibrante) coloca-nos a um outro nível. Existem pormenores a melhorar na interação com aquilo que o rodeia — mas isso é texto para outro tópico (mais a frente) — mas com um potencial que parece ter ficado opresso.

Ao contrário de Project Cars 3 que contava com 140 circuitos, Grid Legends conta apenas com 22 pistas — mas isso não significa que não pareça ter quase 100 circuitos — mas que têm transformações na abordagem em diferentes eventos, algo que consegue ser bastante curioso, pois consegue colmatar este «problema» — se é que se pode chamar verdadeiramente um problema. Este jogo conta ainda com diferentes modos aplicados à história, o que permite diversificar ainda mais a sua abordagem a este jogo a nível da localização e ambientação.

É interessante ver que existe um compromisso em diversificar os espaços e as categorias de veículos que utilizamos em cada corrida — dependendo do tipo de abordagem que escolhermos para a história — havendo até o compromisso de personalizarmos alguns dos carros que podemos ter em garagem. Não faltam opções para poder tornar este título mais próximo da sua abordagem — algo que é sempre pedido pela comunidade — a possibilidade de jogar como quer da forma que quer… e isso aplica-se também ao modo multijogador (onde pode jogar em conjunto com mais 22 jogadores).

Em um mundo tão dinâmico, a abordagem de Grid Legends demonstra bem a presença da Codemasters — adquirida recentemente pela EA — que traz os seus conhecimentos de DiRT e F1 para este novo títulos que pretendia dar continuidade à série Grid, mas será suficiente para ser uma sequela? Provavelmente não, mas não deixa de surpreender pela escolha de ambientação, pelo menos.

Qualidade gráfica — simplesmente magnifica!

Grid Legends trouxe, como mencionamos, alguns dos circuitos que podem ser encontrados ao redor do mundo com um grau de proximidade e de realismo (como poucos jogos), no entanto, para além dos pormenores que contextualizam e tornam imersivos, falamos também do aspeto gráfico — que, pelo menos, na PlayStation 5 se mostrou bastante competente e até algo surpreende, em especial, se compararmos, por exemplo, com Project Cars 3.

Vale ressalvar que a Codemasters recorre ao motor gráfico — Ego (Ego Game Technology Engine) — utilizado em grande parte dos jogos da produtora, entre eles, a série F1, DiRT e (a série) Grid. Julgamos que, neste aspeto, a Codemasters pode manipular o próprio motor para facilitar a jogabilidade em diferentes propostas de jogo, reforçando a qualidade da «engine», mas reduzir custos ao desenvolver novos motores gráficos.

E esta realidade que mencionamos é evidente (mais adiante explicamos porquê), pois tudo funciona harmoniosamente e, inclusivamente, as partículas no ar ou climáticas funcionam de forma bastante realista que, aliado com o sistema de reflexão, permite não só usufruir das texturas passíveis de refletirem, mas também ficarmos mais embebidos na emoção que se tenta passar — ainda que não seja o título automóvel mais emocionante que já tivemos oportunidade de jogar.

Em PlayStation 5, o modo de fidelidade permite alcançar os 4K@60 fps, enquanto para os que procura maior suavidade da imagem, recorrer a 1080p@120 fps (que justifica até certo ponto), no entanto, deixa a desejar se estiver a jogar num monitor 4K, visto que o downscale para 1080p vê também uma redução drástica das texturas e não apenas da resolução. Contudo, se tiver um monitor Full-HD, terá uma experiência muito satisfatória.

O modo carreira — aceitável

Acreditamos que o foco da Codemasters foi seguir aquelas que têm sido as passadas da suas séries de sucesso ao abordar uma narrativa (ou campanha) para o seu modo de carreira, no entanto, acreditamos que houve algum potencial desperdiçado e pode desiludir alguns dos jogadores nas suas expetativas. Grid Legends, em particular, deveria ser um jogo focado na diversão de conduzir, batalhar, disputar vitórias na pista e ficar mergulhado numa forte narrativa, no entanto, isso pode não ter ficado tão evidente.

O problema não está no compromisso da Codemasters com a história, até porque algumas das ideias introduzidas em F1 2021 — que já analisamos no site e pode consultar aqui — foram replicadas (ainda que de forma diferente) adotando em vez de personagens recriados em computador, para passar a recorrer a atores verdadeiros que dão a cara às nossas ações, isto se resolvermos seguir o enredo criado para Grid Legends. Contudo, se optar por recorrer ao modo carreira convencional, irá deparar-se com conteúdo satisfatório, ainda que (repito, na nossa opinião) meio desorganizado e que até nos permitiu desfrutar dos 22 circuitos disponíveis.

Análise — F1 2021 — Familiar, mas inovador!

Ao comparar, sucintamente, F1 2021 com o modo de campanha de Grid Legends, a nossa escolha recai sem grandes hesitações naquela que foi a grande aposta da Codemasters para o futuro da série de Fórmula 1 (que reanimou a série e aqueceu as pontuações entre a comunidade e os média). F1 2021 oferece uma proposta mais voltada e influenciada para as (e nas) nossas decisões, ao contrário da pré-determinada em Grid Legends. Este novo título oferece alguma excitação e exagero aos acontecimentos durante o jogo — o que não é inédito, visto que falamos de uma proposta arcade.

Jogabilidade — arcade, mas divertida!

Grid Legends permite uma experiência — como já referimos — mais acessível para grande parte dos jogadores. Na consola, principalmente, os efeitos sentem-se ao recorrer ao comando. Contudo, nós pouco utilizamos o comando, visto que recorremos a um conjunto de volante e pedais Thrustmaster. «Grid Legends» destaca-se, claramente, de «Project Cars 3», muito provavelmente, por utilizar o mesmo motor gráfico de DiRT.

Bastou um primeiro contacto para perceber o funcionamento das físicas e mecânicas de condução de Grid Legends. Inicialmente, estranhamos e até colocamos em causa a nossa habilidade, mas rapidamente nos habituámos e compreendemos a abordagem. Afinal, para quê lutar contra algo não necessita de certas abordagens, não é? Rapidamente, com o percorrer do modo carreira, fomos lidando com diferentes veículos e diferentes abordagens em matéria de tração, travagem ou até mesmo direção.

Por exemplo, algo que notámos foi o facto de existir uma sensação de peso na direção (com a ajuda do force-feedback) que permitiu posicionar o veículo em pista de forma mais consistente, pois de outra forma, a habituação seria evidentemente mais complexa. O understeering — quando as rodas da frente entram em derrapagem forçando a redução do poder de viragem dianteiro, forçando o veículo a ceder à energia cinética que o empurra para a frente — ficou bastante interessante e até se mostrou realista, no entanto, movimentações laterais já mostram as falhas que estão, normalmente, associadas a um jogo arcade.

Independentemente disto que mencionamos, a experiência foi agradável e mesmo não tendo sido fantástica, permite usufruirmos da jogabilidade sem ficarmos muito desapontados. Aliás, a nossa postura foi cética desde o início quanto ao compromisso da Codemasters para este título, algo que não aconteceu com Project Cars 3 — que surpreendeu pela negativa dado o histórico de simulação realista de Project Cars 1 e Project Cars 2.

Veredito

Dito isto, Grid Legends coloca-se numa posição de destaque entre os títulos arcade, ou seja, voltado para uma grande quantidade de jogadores — sobretudo aqueles que procuram iniciar-se no mundo do desporto automóvel eletrónico — mas com poucas ambições a considerar-se um simulador de corrida automóvel. Pode sempre tentar ultrapassar esta «falta de realismo» excluindo a totalidade das ajudas (que deve ter algo mais próximo de títulos como Gran Turismo?).

Não sendo impressionante, este título não pode afirmar-se concretamente como uma sequela na série «Grid», no entanto, já deve proporcionar bons momentos para quem gosta de narrativas criativas e algo documentais como acontece com Grid Legends. Seja uma lenda neste mundo do desporto automóvel eletrónico, algo que a Codemasters procura de uma forma ou de outra que o jogador consiga alcançar.

Agradecemos, desde já, a cedência por parte da Electronic Arts (Playnxt, representação portuguesa) desta cópia de «Grid Legends» permitindo assim expressarmos a nossa opinião de forma isenta — como procuramos fazer sempre que possível — e que nos trouxe até aqui. Obrigado por nos ter acompanhado até aqui. Veja as nossas redes sociais e mantenha-se sempre próximo das notícias mais relevantes que marcam o dia ou a semana.

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