Análise de Call of Duty Black Ops: Cold War (PS5) — extrai-se o melhor!

A icónica série Black Ops regressa com grande pompa e circunstância ao universo de Call of Duty, desta vez, ambientado na Guerra Fria, um ano depois do regresso de Modern Warfare — contemporâneo no estilo de combate. Black Ops: Cold War foi o nome atribuído e é uma estreia na franquia Call of Duty, permitindo toda uma nova abordagem a este período mais recôndito da história mundial. Confrontos que podiam ter escalado para uma terceira guerra mundial.

É rotineira a aposta, por parte de grandes produções, em jogos de guerra ambientados quer na primeira e segunda guerras mundiais. Contudo, poucas são as que procuram ir mais além na exploração da história mundial, permitindo excelentes narrativas e experiências multijogador. Black Ops é uma das musculadas séries no mercado dos videojogos, chegando mesmo a bater de frente com a concorrência e sair por cima no que diz respeito a vendas, muito graças à fiel comunidade.

Call of Duty Black Ops: Cold War chegou ao mercado no passado dia 13 de novembro de 2020 para as habituais plataformas — PlayStation, Xbox e Windows — com destaque para as edições de PlayStation 4 e PlayStation 5 que tiveram acesso antecipado. É nestas plataformas que também poderá tirar mais partido do desenvolvimento do jogo — fruto da relação entre a Activision e Sony Interactive Entertainment.

Ambientação

Call of Duty: Cold War alude aos obscuros anos da Guerra Fria, contextualizando toda uma história verídica com elementos ficcionados por forma a construir uma sólida narrativa que impacta o jogador no seu decurso. “Operation 40” é o mote da campanha, onde, durante o ano de 1961 o jogador e a sua equipa têm ordens para assassinar Fidel Castro. O falhanço da operação conduz-nos ao “presente” no contexto histórico de Black Ops: Cold War.

Perante a iminência de um novo conflito armado à escala mundial, a narrativa abeira-se da tentativa de subversão do poder norte-americano pelos soviéticos. Iremos poder contar com toda uma equipa de experientes operativos da principais agências de contraespionagem ao redor do mundo, acentuando a polarização entre o oriente e o ocidente. Nunca o mundo esteve tão próximo de uma catástrofe nuclear motivada por ideológicos obcecados por poder e domínio económico.

Esta abordagem é o mais próximo da na nossa história mais recente, em que o combate não é feito de infantaria ou de veículos blindados de combate como aconteceu no passado ou em guerras como as do Afeganistão. Esta foi uma guerra de sabotagens e de controlo estratégico por pequenos focos de combate ou eliminações focalizadas. É esta a abordagem em Cold War, na componente narrativa. O modo multijogador aborda, como não poderia deixar de ser, os conflitos armados organizados em diversos modos de combate.

Jogabilidade

Call of Duty: Cold War proporciona-nos um estilo de jogo mais rápido, onde tudo acontece lucidamente mais rápido. Personagens, armas, tiros e timing são todos mais rápidos, especialmente no modo multijogador. A campanha, um pouco mais suave, mas mantendo a sofisticação da série de Call of Duty e das operações especiais de Black Ops. Cold War assegura bons momentos de lazer, mas também de alta competição com outros jogadores.

A abordagem furtiva é garantida, permitindo uma estratégia tática bem conhecida do público. Este jogo também é sobre esse mesmo planeamento tático furtivo. Ainda que ficcionado, Black Ops: Cold War conta a história por detrás da Guerra Fria — onde as grandes potencias do capitalismo selvagem e do socialismo mais radical (o comunismo) se debatiam por estabelecer poder e ideologias contrastantes. É certo que falamos de guerra, mas numa vertente de espionagem e contraespionagem retratadas de forma bastante coerente.

Existe uma liberdade na escolha da abordagem a seguir dentro de jogo, não existindo uma obrigatoriedade em seguir sempre a mesma trajetória — que, por vezes, se torna em alguns jogos repetitiva. Contudo, este não é o caso deste jogo que permite finais alternativos e diferentes abordagens aos mesmo caminhos até ao final. Melhor do que descrever, é jogar. Convidamos os nossos leitores a experimentarem.

Face ao mais reduzido tamanho de mapas e cenários, foi possível conseguir-se maior suavidade das animações, bem como, uma maior densidade de pormenores (visto que não existe tanta preocupação com o tamanho do mapa). É bem-vindo, no entanto, graças ao timing mais rápido, acabou por gerar controvérsia e opiniões dispares, por se tratar de um jogo extremamente intenso.

Narrativa

O título, Black Ops: Cold War, aborda o período da Guerra Fria e conta com uma equipa de elite — Russell Adler, Alex Mason, Frank Woods, Jason Hudson e Lawrance Sims e você —, onde terá a opção de personalizar o seu agente. Codinome “Bell”, é assim que somos identificados nos ficheiros classificados pertencentes à administração norte-americana. O seu agente pode ser um ex-KGB, FBI ou MI6 aquando do registo para começar a história, além de características psicológicas que traçam aquilo que pode ser o futuro enredo.

Persus torna-se o centro de toda uma conspiração contra os Estados Unidos da América e contra o mundo, e alvo de uma perseguição por parte da equipa constituída. Para mim, das opções de desenvolvimento escolhidas, a possibilidade de ter vários caminhos para chegar ao fim da história — no entanto, com pouco mais de sete horas de conteúdo narrativo. Embora seja reduzido, julgo que a possibilidade de recriar a mesma história de maneiras diferentes.

Cold War demonstra quase uma continuidade aos eventos acontecidos em Call of Duty: Black Ops I, mas de uma forma muito mais proeminente e presente. A mistura entre confrontos armados bastante intensos e missões mais furtivas demonstram aquilo que é a essência desta série, Black Ops. Entre missões e cenários diferenciados, Cold War aborda vários espaços temporais em estilo cinematográfico com diversas reviravoltas na história que terá a oportunidade de experienciar.

A fim de acrescentar mais imersividade à história e, intrinsecamente, ao jogo a Treyarch — a grande produtora por detrás do sucesso de Black Ops — acrescentou algumas imagens verídicas dos acontecimentos captadas por câmera. Por fim, gostaria ainda de evidenciar o foco em incluir pistas e evidências inteligentemente bem colocadas e adaptadas ao contexto de jogo — algo bastante curioso face ao nível de detalhe que figura.

O espírito de espionagem estabelecido pela Treyarch foi bastante importante para mim, na medida em que me conseguiu ligar positivamente ao jogo e às personagens, pois sou grande adepto das temáticas de espionagem e contraespionagem em filmes, séries e jogos. Para mim, esta foi sem dúvida uma narrativa bem conseguida e útil para conhecer um pouco mais dos meandros (ainda que ficcionado) da Guerra Fria — histórias que por vezes passam um pouco ao lado da maioria das pessoas.

Multiplayer — bastante mais rápido e dinâmico!

Gerou controvérsia pela sua abordagem. Ao contrário dos antecessores, parte do estilo operacionalizado em Black Ops: Cold War foi diferente em termos de combate, oferecendo uma resposta mais rápida, mas nem sempre eficaz. Call of Duty, por si só, já é uma série onde as partidas são de elevada intensidade. Contrariamente, o Battlefield, concorrente (ainda que com uma comunidade manifestamente inferior) que aborda um estilo de combate muito mais calmo e ponderado.

Contudo, o Cold War leva essa rapidez a um extremo ainda mais além do que expectado. Não é necessariamente mau, no entanto, quando se mexe com time-to-kill (TTK) e bullets-to-kill (BTK) as coisas mudam de figura. Recorde-se que um dos principais problemas de Battlefield 5 (entre muitos outros) foram as recorrentes mexidas neste parâmetros, desequilibrando loadouts e suas armas. Aqui, a Treyarch não foi tão longe simplificando a parametrização destes dois fatores acelerando em todos os casos a velocidade, levando a que haja mais pressão sobre todos os jogadores e mais ação.

Pessoalmente, não sou muito adepto de partidas muito rápidas. Aliás, se assim o quisesse iria jogar, por exemplo, CS:GO. Percebo que goste, é natural, existe uma maior adrenalina, no entanto, prefiro um TTK maior e BTK maior (desde que não comprometa o jogo em termos de timing) por forma a ter algum controlo under-fire. Assim torna-se muito mais ponderada cada ação dentro de jogo.

À parte disto, tudo permanece igual. Cada partida gera EXP para evoluir e desbloquear novos loadouts, novas armas e skills (ou se preferirem chamar, as afamadas “perks”) que lhe permitirão personalizar como pretendem o vosso estilo de jogo e de armamento dentro de jogo. Porém, a grande novidade neste regular estilo de partidas, é o agrupamento de jogadores com as mesmas capacidades durante o matchmaking entre cada partida. O famoso “Skill Based Matchmaking” permite que jogue com pessoas que se encontram no seu patamar de jogo, evitando desequilíbrios obscuros. Algo que a DICE tentou fazer com Battlefield ainda que tenha falhado. Ponto muito positivo, este. Parabéns Treyarch, pelo feito.

Qualidade gráfica

É irrepreensível em matéria de grafismo — desde a qualidade das texturas ao próprio motor gráfico — foi um excelente trabalho, digno de um Black Ops. Isto dito por um fã da criatividade e da imersividade gráfica de Battlefield. Call of Duty sempre teve um foco muito narrativo — que lhe dá bastante prestígio —, no entanto, desta vez, a qualidade gráfica foi muito além, oferecendo na PS5 (e até mesmo na PS4) texturas ultrarrealistas, onde era possível detetar suor e outras imperfeições da pele. Os cenários, as armas e as diversas animações associadas estavam otimamente trabalhadas.

A particularidade de podermos optar facilmente por uma maior cadência de frames ou uma melhor imagem é simplesmente fantástica. A consola permitiu-me a mim, que uso um monitor Full-HD, jogar em multiplayer em 120 fps nesta resolução (com alcance dinâmico dependendo do cenário), uma experiência imperdível. Contudo, se o foco passa por jogar com maior qualidade, os 60 fps são mais do que suficientes para nos preencher profundamente. A reflexão luminosa, as partículas e até mesmo os edifícios mostravam detalhes incríveis.

Durante a campanha, estas evidências tornam-se ainda mais sólidas, onde existe bastante mais conteúdo explorável e cenários de “jogar e chorar por mais”. Inicialmente, não julgava que o jogo me fosse surpreender desta maneira, pois não sou ávido consumidor da série Call of Duty, mas a performance e a qualidade gráfica (que para mim têm grande peso) favoreceram bastante a minha avaliação. Claro está, isto não é exclusivamente o mais importante, pois o combate também desempenha um importante papel.

O motor gráfico encontra-se devidamente enquadrado na nova proposta dos 120 fps, apresentando algum motion blur às extremidades do ecrã enquanto corremos pelo mapa, oferecendo uma maior imersividade — pois é o tipo de coisa que acaba por acontecer na realidade, a nossa visão periférica diminui à medida que a velocidade aumenta e pelo próprio esforço — isto é um exemplo de pormenores bem conseguidos em Black Ops: Cold War.

Experiência háptica — bem aproveitado!

Black Ops: Cold War foi, até agora, o jogo que melhor aproveitou o Dual-Sense (excluindo o Astro’s Playroom) em termos dos gatilhos adaptativos, das sensações e vibrações que imergem o jogador dentro da narrativa ou do combate (em partidas multijogador). Não exclusivo, ofereceu melhor desempenho háptico que, por exemplo, o Spider-Man: Miles Morales.

Como em tudo, existem contras. O feedback háptico é bom se for usado por todos, pois os gatilhos adaptativos apesar de trazerem mais realismo, retiram competitividade entre jogadores (que desativem a funcionalidade) para ficarem com tempos de resposta mais elevados. A distância e resistência do gatilho aumentam a resposta do jogador à ação ficando em desvantagem um para um. Este é o tipo de funcionalidade útil para um jogador ou muito experiente, ou apenas para jogar no modo campanha.

De resto, a experiência proporcionada pelo comando dentro do jogo é excecional — podendo identificar o disparo de diferentes armas pela resistência, sonoridade e vibração dos gatilhos e do comando durante a partida — a resistência não é igual para todas as armas, bem como, o seu comportamento. É algo que aguardo com ansiedade em outros títulos do género.

Veredito

Gostaria de realçar que esta proposta desenvolvida pela Treyarch e publicado pela Activision é muito atrativa — especialmente, para aqueles que gostam de uma boa dose de história com alguma ficção à mistura. Além disso, a qualidade gráfica é elevada a um nível ainda nunca visto em toda a série Call of Duty (algo esperado, mas ainda incrível). A possibilidade de jogar em 120 fps na PS5 é extremamente agradável quer para a visão, quer para a jogabilidade, em si mesma.

Visto isto, e tendo tudo o que foi mencionado anteriormente, deixamos ao critério de todos os jogadores a apetência ou não deste jogo. Convidamo-lo a experimentar o jogo, antes de o adquirir, se isto for possível, pois poderá constatar se o estilo de jogo (em termos de combate multijogador) é o adequado para si, ou se prefere as mecânicas de combate dos anteriores jogos. Esta obra encontra-se disponível em três versões: edição padrão (para PS4) por 69,99€; bundle cross-gen (para PS5 & PS4) por 74,99€ e a edição ultimate por 99,99€.

Por fim, depois de toda a análise do jogo Black Ops: Cold War, o mais recente título da série Call of Duty, agradeço solenemente à PlayStation Portugal por nos permitir usufruir desta magnifica obra de arte, permitindo que a redação desta análise ao jogo da Activision. Por questões editoriais, apenas hoje nos foi possível publicá-la. Continue a acompanhar-nos aqui e no nosso canal do Youtube para mais análises de produtos, veículos e videojogos.

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