A missão Mars InSight, da Nasa, que tem como objetivo explorar os aspetos sísmicos e geodésicos de Marte, estudando sua estrutura interior, contrariou os resultados das pesquisas iniciais e pode ter detetado diferentes modelos sobre o estado da água na superfície de Marte.
Ao contrário do que os cientistas acreditavam, nem toda a subsuperfície do Planeta Vermelho estará gelada, apesar dos polos do planeta conterem grandes mantos de gelo. “Como cientistas é natural que isto aconteça e fomos agora confrontados com dados mais precisos, resultantes de melhores observações. E os nossos modelos tinham previsto que deveria haver solo congelado naquela latitude com aquíferos por baixo”, disse Michael Manga, professor de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade da Califórnia em Berkeley, em comunicado citado pelo Space.
A sonda usada pela InSight registou que os 300 metros superiores do subsolo abaixo do local de aterragem contêm pouco ou nenhum gelo. Outra observação é que a crosta de Marte é porosa, com sedimentos pouco cimentados.
Esta mais recente análise vem contrariar a ideia que predominava até ao momento sobre o que teria acontecido com a água em Marte. As teorias referiam que o Planeta Vermelho podia ter tido oceanos no início da sua existência. Entretanto, Michael Manga explica que, se uma grande quantidade de água tivesse entrado em contacto com as rochas, teria sido produzido um novo conjunto de minerais que cimentariam aquela região, o que não se verifica.
A falta de sedimentos cimentados sugere uma escassez de água nos 300 metros abaixo do local onde está a InSight. Além disso, a temperatura média abaixo de zero no equador de Marte, por onde se desloca a sonda, significa que as condições seriam tão frias que congelavam a água se ela existisse nessa localização.
Os “lagos” de Marte seriam, então, depósitos de argila, e não de água, esclarece a Nasa.
A espaçonave InSight pousou em Elysium Planitia, uma planície plana e lisa perto do equador marciano, em 2018. Analisar a subsuperfície de Marte é importante para os cientistas porque, se existe vida no planeta, seria ali que estaria.
A prioridade da Nasa para a próxima década é conseguir perfurar dois metros na crosta marciana em alta latitude para procurar vida onde gelo, rocha e atmosfera se unem.